If you're seeing this message, it means we're having trouble loading external resources on our website.

Se estiveres protegido por um filtro da Web, certifica-te de que os domínios *.kastatic.org e *.kasandbox.org estão desbloqueados.

Conteúdo principal

Herança ligada ao X

Base cromossómica da determinação do sexo. Cromossomas X e Y, ligação ao X.

Pontos chave:

  • Nos humanos e noutros mamíferes, o sexo biológico é determinado por um par de cromossomas sexuais: XY nos machos e XX nas fêmeas.
  • Genes no cromossoma X dizem-se ligados ao X. Genes ligados ao X têm padrões de hereditariedade distintos, uma vez que estão presentes em diferente número nas fêmeas (XX) e nos machos (XY).
  • Os distúrbios genéticos humanos ligados ao X são muito mais comuns nos machos devido ao padrão de hereditariedade ligado ao X.

Introdução

Se fores um ser humano (o que me parece ser uma boa aposta!), a maior parte dos teus cromossomas vem em pares homólogos. Os dois cromossomas do par homólogo contêm a mesma informação básica - isto é, os mesmos genes na mesma ordem - mas podem ter versões diferentes de cada gene.
Todos os cromossomas estão organizados em pares de homólogos? A resposta depende de seres ou não um homem (cromossomicamente).
Imagem de um cariótipo humano, com os 44 autossomas em pares correspondentes e 2 cromossomas sexuais diferentes (X e Y).
Imagem modificada de "Karyotype," de Can H. (CC BY 2.0).
  • Um macho humano tem dois cromossomas sexuais, o X e o Y. Ao contrário dos 44 autossomas(cromossomas não sexuais), o X e o Y não têm os mesmos genes e não são considerados homólogos.
  • Em vez de um X e um Y, as fêmeas humanas têm dois cromossomas X. Estes cromossomas X formam um par de cromossomas filhos bona fide.
Como os cromossomas sexuais não vêm sempre em pares homólogos, os genes que estes possuem mostram padrões de hereditariedade únicos e distintos.

Cromossomas sexuais nos humanos

Os cromossomas X e Y humanos determinam o sexo biológico de uma pessoa, com XX a determinar as mulheres e XY a determinar os homens. Ainda que o cromossoma Y contenha uma pequena região semelhante a uma do cromossoma X para que possam emparelhar durante a meiose, o cromossoma Y é muito mais pequeno e contem muito menos genes.
Trazendo alguns números a esta conversa, o cromossoma X tem cerca de 800900 genes que codificam proteínas com várias funções, enquanto o cromossoma Y tem apenas 6070 destes genes, dos quais cerca de metade só estão ativos nos testículos (orgãos produtores de espermatozóides)1,2,3,4.
Diagrama dos cromossomas X e Y humanos. O X é muito maior que o Y. Ambos têm pequenas regiões de homologia nas suas pontas, que permitem o emparelhamento dos cromossomas durante a meiose. O gene SRY encontra-se no cromossoma Y, perto da sua ponta, logo abaixo da região de homologia com o cromossoma X.
Imagem baseada nos ideogramas de Genome Decoration Page, mantidos pela U.S. NCBI.
O cromossoma Y humano desempenha um papel fundamental na determinação do sexo de um embrião em desenvolvimento. Isto muito por causa do gene SRY ("Região determinadora do sexo do cromossoma Y"). O SRY encontra-se no cromossoma Y e codifica uma proteína que ativa outros genes necessários para o desenvolvimento masculino5,6.
  • Embriões XX não têm o SRY, por isso desenvolvem-se como mulheres.
  • Embriões XY têm o SRY, por isso desenvolvem-se como homens.
Em casos raros, erros durante a meiose podem transferir o gene SRY do cromossoma Y para o X. Se um cromossoma X com o SRY fertilizar um oócito normal, vai originar um embrião cromossomicamente feminino (XX) que se desenvolverá como homem7. Se um cromossoma Y sem o SRY fertilizar um oócito normal, vai originar um embrião cromossomicamente masculino (XY) que se desenvolverá como mulher8.

Genes ligados ao X

Quando um gene está presente no cromossoma X, mas não no cromossoma Y, diz-se ser ligado ao X. Genes ligados ao X têm padrões de hereditariedade diferentes dos genes dos cromossomas não sexuais (autossomas). Isto porque estes genes estão presentes em diferente número de cópias nos machos e nas fêmeas.
Como uma fêmea tem dois cromossomas X, ela vai ter duas cópias de cada gene ligado ao X. Por exemplo, na mosca da fruta Drosophila (a qual, como nos humanos, tem fêmeas XX e machos XY), existe um gene para a cor dos olhos chamado branco que é encontrado no cromossoma X, e a mosca fêmea tem duas cópias deste gene. Se este gene tiver dois alelos diferentes, como XB(dominante, olhos vermelhos normais) e Xb (recessivo, olhos brancos), a mosca fêmea pode ter um de três genótipos: XBXB (olhos vermelhos), XBXb (olhos vermelhos), and XbXb (olhos brancos).
Um macho tem possibilidades para o genótipo diferentes de uma fêmea. Como tem apenas um cromossoma X (emparelhado com um Y), ele vai ter uma única cópia de qualquer gene ligado ao X. Por exemplo, no exemplo da cor dos olhos da mosca, os dois genótipos que o macho pode ter são XBY (olhos vermelhos) and XbY (olhos brancos). Qualquer alelo que a mosca macho herde para um gene ligado ao X vai determinar a sua aparência, porque não há outra cópia desse gene — mesmo que o alelo seja recessivo nas fêmeas. Em vez de homozigótico ou heterozigótico, os machos dizem-se hemizigóticos para genes ligados ao X.
Podemos ver como a ligação ao sexo afeta os padrões de hereditariedade se considerarmos o cruzamento entre duas moscas, uma fêmea de olhos brancos (XbXb) e um macho de olhos vermelhos (XBY). Se este gene estivesse num cromossoma não sexual, ou autossoma, esperaríamos que toda a descendência tivesse olhos vermelhos, porque o alelo vermelho é dominante sobre o alelo branco. O que vemos na realidade é o seguinte:
A figura mostra a análise de um xadrez mendeliano para a cor dos olhos da mosca da fruta, que é um traço ligado ao sexo. Um macho de olhos vermelhos com o genótipo X^{B}Y é cruzado com uma fêmea de olhos brancos com o genótipo X^{b}X^{b}. Todas as descendentes fêmeas vão receber um alelo dominante B do pai e um alelo recessivo b da mãe, sendo por isso heterozigóticas dominantes para a cor vermelha dos olhos. Todos os descendentes machos vão receber um alelo recessivo b da mãe e um cromossoma Y do pai, sendo por isso hemizigóticos recessivos para a cor branca dos olhos.
Crédito da imagem: "Characteristics and traits: Figure 10," de OpenStax College, Biology, CC BY 4.0
No entanto, como o gene está ligado ao X, e como foi a fêmea a dar o fenótipo recessivo (olhos brancos), todos os descendentes machos — que recebem o seu cromossoma X único da sua mãe — têm olhos brancos (XbY). Todas as descendentes fêmeas têm olhos vermelhos porque receberam dois Xs, com o XB vindo do pai a esconder o Xb recessivo vindo da mãe.

Distúrbios genéticos ligados ao cromossoma X

Os mesmos princípios que vemos a funcionar na mosca da fruta podem ser aplicados na genética humana. Nos humanos, os alelos para certas condições (incluindo algumas formas de daltonismo, hemofilia e distrofia muscular) são ligados ao X. Estas doenças são muito mais comuns em homens do que em mulheres por causa dos seus padrões de hereditariedade ligados ao X.
Mas porquê? Vamos explorar esta questão usando um exemplo em que uma mãe é heterozigótica para um alelo causador de doença. Mulheres heterozigóticas para alelos causadores de doenças dizem-se portadoras, e não costumam manifestar sintomas. Os filhos destas mulheres têm uma probabilidade de 50% de desenvolver a doença, mas as filhas têm uma probabilidade muito pequena de a desenvolver (a não ser que o pai também tenha a doença), tendo em vez disso uma probabilidade de 50% de serem portadoras.
O diagrama mostra um pai não afetado com um alelo dominante e uma mãe portadora não afetada com um alelo recessivo ligado ao X. Quatro imagens da descendência mostram as várias combinações genéticas resultantes: filho não afetado, fiilha não afetada, filho afetado, e filha portadora não afetada.
Crédito da imagem: "Characteristics and traits: Figure 10," de OpenStax College, Biology, CC BY 4.0
Mas porque é que isto acontece? Traços recessivos ligados ao X aparecem mais comummente em homens do que em mulheres porque, se um homem receber um alelo "mau" da sua mãe, não tem nenhuma hipótese de receber um alelo "bom" do seu pai (que lhe vai dar o Y) para esconder o "mau". As mulheres, por outro lado, costumam receber um alelo normal dos seus pais, prevenindo que o alelo para a doença seja expresso.

Estudo de um caso: Hemofilia

Vamos ver um exemplo de Xadrez Mendeliano para uma doença humana ligada ao X: hemofilia, uma condição recessiva em que o sangue da pessoa afetada não coagula corretamente13. Uma pessoa hemofílica pode ter sangramentos severos, ou até ficar em risco de morte, a partir de um pequeno corte.
A hemofilia é causada por uma mutação num de dois genes, ambos localizados no cromossoma X. Ambos os genes codificam proteínas que promovem a coagulação sanguínea14. Vamos focar-nos num destes genes, chamando XH ao alelo funcional e Xh ao alelo para a doença.
Neste exemplo, uma mulher heterozigótica para os alelos normal e hemofílico (XHXh) tem filhos com um homem hemizigótico para o alelo normal (XHY). Ambos os pais têm coagulação normal, mas a mãe é portadora. Qual é a probabilidade dos seus filhos e filhas terem hemofilia?
Xadrez mendeliano com os possíveis genótipos dos filhos de um pai com coagulação normal (XHY) e uma mãe heterozigótica portadora (XHXh).
XHY
XHXHXHXHY
XhXHXhXhY
Todas as filhas (XHXH, XHXh) têm coagulação sanguínea normal porque têm pelo menos um alelo XH. 1/2 das filhas são portadoras, enquanto a outra metade é homozigótica para o alelo XH.
1/2 dos filhos são XHY e têm coagulação sanguínea normal.
1/2 dos filhos são XhY e têm hemofilia.
Como a mãe é portadora, vai passar o alelo para a hemofilia (Xh) a metade dos seus descendentes, tanto aos filhos como às filhas.
  • Nenhuma das filhas vai ter hemofilia (probabilidade 0 de ter a doença). Isto porque, para ter a doença, elas precisam de ter um alelo Xh vindo da mãe e do pai. Há uma probabilidade de 0 das filhas receberem um alelo Xh do seu pai, por isso a probabilidade de terem hemofilia é zero.
  • Os filhos vão receber o Y do seu pai em vez do X, por isso a única cópia do gene para a coagulação sanguínea vem da sua mãe. A mãe é heterozigótica, por isso metade dos filhos, em média, vai receber um alelo Xh e desenvolver hemofilia (probabilidade de 1/2 de ter a doença).

Testa o teu conhecimento

  1. Qual dos seguintes pares de pais é mais provável de originar uma filha com hemofilia?
    Seleciona a opção correta.


Queres participar na conversa?

Ainda não há comentários.
Sabes inglês? Clica aqui para veres mais debates na versão inglesa do site da Khan Academy.