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Biologia do Ensino Secundário
Assunto: Biologia do Ensino Secundário > Tema 5
Lição 3: Hereditariedade ligada ao sexoHerança ligada ao X
Base cromossómica da determinação do sexo. Cromossomas X e Y, ligação ao X.
Pontos chave:
- Nos humanos e noutros mamíferes, o sexo biológico é determinado por um par de cromossomas sexuais: XY nos machos e XX nas fêmeas.
- Genes no cromossoma X dizem-se ligados ao X. Genes ligados ao X têm padrões de hereditariedade distintos, uma vez que estão presentes em diferente número nas fêmeas (XX) e nos machos (XY).
- Os distúrbios genéticos humanos ligados ao X são muito mais comuns nos machos devido ao padrão de hereditariedade ligado ao X.
Introdução
Se fores um ser humano (o que me parece ser uma boa aposta!), a maior parte dos teus cromossomas vem em pares homólogos. Os dois cromossomas do par homólogo contêm a mesma informação básica - isto é, os mesmos genes na mesma ordem - mas podem ter versões diferentes de cada gene.
Todos os cromossomas estão organizados em pares de homólogos? A resposta depende de seres ou não um homem (cromossomicamente).
- Um macho humano tem dois cromossomas sexuais, o X e o Y. Ao contrário dos 44 autossomas(cromossomas não sexuais), o X e o Y não têm os mesmos genes e não são considerados homólogos.
- Em vez de um X e um Y, as fêmeas humanas têm dois cromossomas X. Estes cromossomas X formam um par de cromossomas filhos bona fide.
Como os cromossomas sexuais não vêm sempre em pares homólogos, os genes que estes possuem mostram padrões de hereditariedade únicos e distintos.
Cromossomas sexuais nos humanos
Os cromossomas X e Y humanos determinam o sexo biológico de uma pessoa, com XX a determinar as mulheres e XY a determinar os homens.
Ainda que o cromossoma Y contenha uma pequena região semelhante a uma do cromossoma X para que possam emparelhar durante a meiose, o cromossoma Y é muito mais pequeno e contem muito menos genes.
Trazendo alguns números a esta conversa, o cromossoma X tem cerca de 800, minus, 900 genes que codificam proteínas com várias funções, enquanto o cromossoma Y tem apenas 60, minus, 70 destes genes, dos quais cerca de metade só estão ativos nos testículos (orgãos produtores de espermatozóides)start superscript, 1, comma, 2, comma, 3, comma, 4, end superscript.
O cromossoma Y humano desempenha um papel fundamental na determinação do sexo de um embrião em desenvolvimento. Isto muito por causa do gene SRY ("Região determinadora do sexo do cromossoma Y"). O SRY encontra-se no cromossoma Y e codifica uma proteína que ativa outros genes necessários para o desenvolvimento masculinostart superscript, 5, comma, 6, end superscript.
- Embriões XX não têm o SRY, por isso desenvolvem-se como mulheres.
- Embriões XY têm o SRY, por isso desenvolvem-se como homens.
Em casos raros, erros durante a meiose podem transferir o gene SRY do cromossoma Y para o X. Se um cromossoma X com o SRY fertilizar um oócito normal, vai originar um embrião cromossomicamente feminino (XX) que se desenvolverá como homemstart superscript, 7, end superscript. Se um cromossoma Y sem o SRY fertilizar um oócito normal, vai originar um embrião cromossomicamente masculino (XY) que se desenvolverá como mulherstart superscript, 8, end superscript.
Genes ligados ao X
Quando um gene está presente no cromossoma X, mas não no cromossoma Y, diz-se ser ligado ao X. Genes ligados ao X têm padrões de hereditariedade diferentes dos genes dos cromossomas não sexuais (autossomas). Isto porque estes genes estão presentes em diferente número de cópias nos machos e nas fêmeas.
Como uma fêmea tem dois cromossomas X, ela vai ter duas cópias de cada gene ligado ao X. Por exemplo, na mosca da fruta Drosophila (a qual, como nos humanos, tem fêmeas XX e machos XY), existe um gene para a cor dos olhos chamado branco que é encontrado no cromossoma X, e a mosca fêmea tem duas cópias deste gene.
Se este gene tiver dois alelos diferentes, como start text, X, end text, start superscript, B, end superscript(dominante, olhos vermelhos normais) e start text, X, end text, start superscript, b, end superscript (recessivo, olhos brancos), a mosca fêmea pode ter um de três genótipos: start text, X, end text, start superscript, B, end superscriptstart text, X, end text, start superscript, B, end superscript (olhos vermelhos), start text, X, end text, start superscript, B, end superscriptstart text, X, end text, start superscript, b, end superscript (olhos vermelhos), and start text, X, end text, start superscript, b, end superscriptstart text, X, end text, start superscript, b, end superscript (olhos brancos).
Um macho tem possibilidades para o genótipo diferentes de uma fêmea. Como tem apenas um cromossoma X (emparelhado com um Y), ele vai ter uma única cópia de qualquer gene ligado ao X. Por exemplo, no exemplo da cor dos olhos da mosca, os dois genótipos que o macho pode ter são start text, X, end text, start superscript, B, end superscript, start text, Y, end text (olhos vermelhos) and start text, X, end text, start superscript, b, end superscript, start text, Y, end text (olhos brancos). Qualquer alelo que a mosca macho herde para um gene ligado ao X vai determinar a sua aparência, porque não há outra cópia desse gene — mesmo que o alelo seja recessivo nas fêmeas. Em vez de homozigótico ou heterozigótico, os machos dizem-se hemizigóticos para genes ligados ao X.
Podemos ver como a ligação ao sexo afeta os padrões de hereditariedade se considerarmos o cruzamento entre duas moscas, uma fêmea de olhos brancos (start text, X, end text, start superscript, b, end superscript, start text, X, end text, start superscript, b, end superscript) e um macho de olhos vermelhos (start text, X, end text, start superscript, B, end superscript, start text, Y, end text). Se este gene estivesse num cromossoma não sexual, ou autossoma, esperaríamos que toda a descendência tivesse olhos vermelhos, porque o alelo vermelho é dominante sobre o alelo branco. O que vemos na realidade é o seguinte:
No entanto, como o gene está ligado ao X, e como foi a fêmea a dar o fenótipo recessivo (olhos brancos), todos os descendentes machos — que recebem o seu cromossoma X único da sua mãe — têm olhos brancos (start text, X, end text, start superscript, b, end superscript, start text, Y, end text). Todas as descendentes fêmeas têm olhos vermelhos porque receberam dois Xs, com o start text, X, end text, start superscript, B, end superscript vindo do pai a esconder o start text, X, end text, start superscript, b, end superscript recessivo vindo da mãe.
Distúrbios genéticos ligados ao cromossoma X
Os mesmos princípios que vemos a funcionar na mosca da fruta podem ser aplicados na genética humana. Nos humanos, os alelos para certas condições (incluindo algumas formas de daltonismo, hemofilia e distrofia muscular) são ligados ao X. Estas doenças são muito mais comuns em homens do que em mulheres por causa dos seus padrões de hereditariedade ligados ao X.
Mas porquê? Vamos explorar esta questão usando um exemplo em que uma mãe é heterozigótica para um alelo causador de doença. Mulheres heterozigóticas para alelos causadores de doenças dizem-se portadoras, e não costumam manifestar sintomas. Os filhos destas mulheres têm uma probabilidade de 50, percent de desenvolver a doença, mas as filhas têm uma probabilidade muito pequena de a desenvolver (a não ser que o pai também tenha a doença), tendo em vez disso uma probabilidade de 50, percent de serem portadoras.
Mas porque é que isto acontece? Traços recessivos ligados ao X aparecem mais comummente em homens do que em mulheres porque, se um homem receber um alelo "mau" da sua mãe, não tem nenhuma hipótese de receber um alelo "bom" do seu pai (que lhe vai dar o Y) para esconder o "mau". As mulheres, por outro lado, costumam receber um alelo normal dos seus pais, prevenindo que o alelo para a doença seja expresso.
Estudo de um caso: Hemofilia
Vamos ver um exemplo de Xadrez Mendeliano para uma doença humana ligada ao X: hemofilia, uma condição recessiva em que o sangue da pessoa afetada não coagula corretamentestart superscript, 13, end superscript. Uma pessoa hemofílica pode ter sangramentos severos, ou até ficar em risco de morte, a partir de um pequeno corte.
A hemofilia é causada por uma mutação num de dois genes, ambos localizados no cromossoma X. Ambos os genes codificam proteínas que promovem a coagulação sanguíneastart superscript, 14, end superscript. Vamos focar-nos num destes genes, chamando start text, X, end text, start superscript, H, end superscript ao alelo funcional e start text, X, end text, start superscript, h, end superscript ao alelo para a doença.
Neste exemplo, uma mulher heterozigótica para os alelos normal e hemofílico (start text, X, end text, start superscript, H, end superscript, start text, X, end text, start superscript, h, end superscript) tem filhos com um homem hemizigótico para o alelo normal (start text, X, end text, start superscript, H, end superscript, start text, Y, end text). Ambos os pais têm coagulação normal, mas a mãe é portadora. Qual é a probabilidade dos seus filhos e filhas terem hemofilia?
Como a mãe é portadora, vai passar o alelo para a hemofilia (start text, X, end text, start superscript, h, end superscript) a metade dos seus descendentes, tanto aos filhos como às filhas.
- Nenhuma das filhas vai ter hemofilia (probabilidade 0 de ter a doença). Isto porque, para ter a doença, elas precisam de ter um alelo start text, X, end text, start superscript, h, end superscript vindo da mãe e do pai. Há uma probabilidade de 0 das filhas receberem um alelo start text, X, end text, start superscript, h, end superscript do seu pai, por isso a probabilidade de terem hemofilia é zero.
- Os filhos vão receber o Y do seu pai em vez do X, por isso a única cópia do gene para a coagulação sanguínea vem da sua mãe. A mãe é heterozigótica, por isso metade dos filhos, em média, vai receber um alelo start text, X, end text, start superscript, h, end superscript e desenvolver hemofilia (probabilidade de 1, slash, 2 de ter a doença).
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